sábado, 5 de novembro de 2011

Refletindo Sobre Projeto - Temática I Módulo IV

CURSISTA: Hermínia Cabral
Escola Estadual Antonio DelfinoPereira
Módulo IV Temática I Refletindo sobre projeto

 Nas aulas que trabalhei com mapa conceitual, percebi que os alunos despertaram para o assunto, pois era novidade. Acredito que a partir do momento que o aluno constrói o seu conhecimento ele não esquece, pois não adiante apenas fazer é necessário saber fazer. O conhecimento construído é mais prazeroso. Mas encontrei uma série de dificuldades como: organização do grupo, concentração e sistematização soa trabalhos, mas a partir só momento que consegui solucionar essas dificuldades, o trabalho começou a fluir com qualidade e garantia de aprendizagem.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011


INDENTIFICAÇÃO: Escola Estadual Antonio Delfino Pereira
Cursistas: Maria de Almeida Gerônimo – Disciplina: História
Coordenação: Hermínia Cabral – Especialista da Educação
Série: 7ª ano Turma “A” 25 alunos
TEMA: Cultura
Justificativa: O termo cultura pode se acham em enciclopédias, dicionários, mas na convivência com o povo e através de pesquisa feita de modo especial, o que se conclui que os professores e alunos deve estudar cultura antes de pedir ou realizar qualquer trabalho em suas classes. “É através da cultura que aprofundamos o estudo dos meios que o homem inventa para se ajustar ao ambiente.”
Objetivos:
·        Elaborar conceito de cultura;
·        Identificar a diversidade cultura existente em nosso Estado e Pais.
·        Conhecer a cultura da comunidade;
·        Identificar os usos, costumes e valores culturais da Comunidade;
·        Resgatar a história da Tia Eva pelos alunos da comunidade.

 Metodologia/Procedimentos:

O projeto será desenvolvido pelos alunos do sétimo ano do ensino fundamental, os mesmos irão fazer pesquisas primeiramente em suas próprias casas com suas famílias (pesquisa oral). Em sala de aula serão apresentadas para os colegas e a professora juntamente com a coordenadora estarão acompanhando e direcionando os trabalhos dos alunos, depois da troca de idéias, o próximo passo é ir fazer uma pesquisa na internet sobre a comunidade da Tia Eva. Ler o que for encontrado e fazer um resumo do conteúdo. No próximo momento, discutir os assuntos selecionados e digitar no Kword a síntese do que foi estudado. Depois dos textos estarem prontos os alunos fará apresentação para a escola: O que foi estudado e apresentarão todo o trabalho realizado como: fotos da comunidade, trabalhos artesanais e comidas típicas da comunidade.

Recursos a Serem Utilizados:
·        Computador (STE)
·        Laptop (sala de aula);
·        Internet
·        Projetor Multimídia;
·        Maquina Fotográfica;
·        Caderno;
·        Papel Sulfite;
·        Lápis de cor.
·        Giz de Cera;


Referencia Bibliográfica:

·        Pesquisa na internet, livros, jornais, revistas........

Culminância:
·        03 de setembro de 2011 será realizada uma Exposição dos trabalhos desenvolvidos (cartazes – vídeos, fotos ....)
Avaliação:
·        Observação do desenvolvimento das atividades e interesse das crianças em sua realização.

Observação:
ESCOLA ESTADUAL ANTONIO DELFINO PEREIRAALUNO=IANDRA PATRICIA RODRIGUES Nº 29 serie 7 ano A
Profesores=Adilamar-Maria e Coordenadora Herminia

 Projeto Cultura

Como vive a comunidade negra da Igrejinha de São Benedito, formada por descendentes da rezadeira e, dizem, milagreira Tia Eva: na foto os bisnetos Seu Michel e Senhora Narzira com o busto de Tia Eva ao fundo

Chegar lá é relativamente fácil. Difícil é esquecer. A verdade é que este repórter nunca havia ido à Comunidade Negra da Igrejinha de São Benedito, localizada a uns 15 km do centro de Campo Grande. O local, que abriga umas 60 casas, é reduto dos descendentes de Eva Maria de Jesus, mais conhecida como Tia Eva. Benzedeira, rezadeira e, muitos acreditam, milagreira, a ex-escrava veio em uma comitiva em 1905 para estas bandas. Nascida em Mineiros, no interior de Goiás, foi uma das primeiras a chegar no que hoje chamamos de Campo Grande. Tinha 45 anos e três filhas. De cara impressionou: sabia ler e escrever. Para quem foi escrava, não era pouca coisa. A história começa, porém, em 1910, quando decide pagar a promessa a São Benedito por a ter curado de uma ferida na perna. Constrói uma capela em agradecimento ao santo e conclui a igrejinha em 1912, demolida e substituída por uma de alvenaria em 1919. Tia Eva está enterrada dentro desta pequena igreja, a mais antiga da cidade. Calcula-se que existem 2 mil descendentes de Tia Eva espalhados pelas comunidades negras do Estado.

O contato para realizar a matéria foi Eurides da Silva, mais conhecido como Bolinho. Sua esposa atendeu o meu telefonema no orelhão comunitário, em frente ao Bar da Dona Rute. Rapidinho o achou, liguei em um celular e marcamos para o dia seguinte cedo. Fui recebido por Bolinho e seu pai, Sérgio Antônio da Silva, o Seu Michel. O senhor de 70 anos, cabelos já meio embranquecidos, simpático e de gestos lentos é bisneto de Tia Eva. Na verdade, ele é o responsável por ter se tornado tradicional a festa de São Benedito, sempre em maio, a mais antiga da cidade também. Foi ele que entrou com a petição do Uso Capião para a legalização dos terrenos da comunidade. O IPTU vinha em nome da escrava, que era dona de toda a área. Após seis anos, ganhou na Justiça. Hoje cada descendente que reside na comunidade pode requerer a escritura de seu terreno mediante quitação do IPTU.

O problema é que a maioria não tem condição de pagar o imposto. O próprio Michel está devendo quatro anos de IPTU, que atinge a soma de R$ 6 mil. Assim como muitos na comunidade. Reclama que em vez de asfalto, as ruas do bairro deveriam ter recebido paralelepípedos. Com isso, o IPTU seria mais acessível e o ambiente menos modificado. A comunidade não foi consultada. Mas o sonho mesmo e a luta de Seu Michel e seu filho Bolinho é que a comunidade vire uma quilombola urbana para ficar isenta de impostos. É o que acontece nas quilombolas rurais, como a Chácara Buriti, que fica a 40km de Campo Grande e abriga 37 famílias, e a Furnas Dionísio, uma área de 900 hectares a 45km da Capital em que vivem 80 famílias. Na verdade, vários descendentes de Tia Eva já correm o risco de serem expulsos da comunidade por falta de pagamento de impostos.

Segundo Bolinho e Michel, só com a criação da Associação Beneficente dos Descendentes de Tia Eva, em 1996, houve melhorias. Antes, tudo era feito no local onde aconteceu a entrevista: embaixo das árvores do quintal da casa de Seu Michel. Hoje em dia, além da igrejinha, existe um salão social para realizar as reuniões e eventos. Um grupo de música afro, uma escola, um campo de futebol... Conseguiram um orelhão comunitário e uma lombada em frente à igrejinha. Uma linha de ônibus que passa pelo bairro. Visitaram a comunidade a sambista Leci Brandão e o embaixador da África do Sul, Mambulena Hakena. O governo estadual, através da Agência Estadual de Habitação, construiu no local 20 casas e ajudou mais 32 famílias nas reformas. Além de Tia Eva ter recebido o Título de Cidadã Campo-Grandense em junho de 1996.

Mas muito ainda precisa ser feito na comunidade. Resgatar a história de Tia Eva, descobrir qual dialeto africano ela falava e de que parte da África sua família tem ramificação são coisas que ainda precisam ser reveladas. Para fazer finalmente o busto de Tia Eva, exposto em frente à igrejinha, foi preciso basear-se em descendentes, como uma tia e sobrinha do Seu Michel. Bolinho lembra que tem o projeto de fazer uma biografia de Tia Eva e que não conseguiu ainda apoio para concretizá-lo. O projeto de R$ 30 mil não foi aceito pelo Fundo de Investimentos Culturais de MS (FIC). Bolinho reflete sobre o porquê de alguns políticos negros não terem ajudado a comunidade quando chegaram ao poder: “Subiram ao topo, mas esqueceram a base, mesmo tendo no início da carreira política a bandeira da negritude. Então a comunidade em si precisou lutar para trazer suas benfeitorias. Conseguir parcerias como a que fizemos em 2005 com a Fundação Ford para o projeto Negra Eva, que apóia afro-descendentes para ter acesso ao ensino superior. Além de alguns profissionais liberais que lutam junto com a gente e acreditam na causa. Temos também o apoio da Fundação de Cultura na festa de São Benedito e alguma ajuda esporádica da prefeitura. Mas fica por aí.”

A boa recepção de Bolinho e Seu Michel continua e sou levado até a igrejinha. Ouço que na reforma muita coisa original da construção se perdeu, como o piso e a parte de alvenaria do teto. Lá dentro, um pôster do Papa João Paulo II me chama a atenção. Encontro então a senhora Narzira Caetano de Barros, irmã de seu Michel. Ela tem 82 anos e poderia ser apontada como a substituta de Tia Eva. Narzira emociona-se: “Tomo conta da igreja e também sou benzedeira. Temos que manter a tradição. Mas com os mais novos tudo muda. Meus filhos estão virando crentes e aqui somos católicos. Fico chateada. A minha filha Neusa pode dar continuidade ao que faço, mas ninguém quer mais benzer, porque dá muito trabalho, além de precisar ter o dom. Devemos tudo a Tia Eva. Uma santa que curou muita gente. E acho que a comunidade está melhor hoje, tem coisa que não tinha e agora tem.” Sinto uma energia grande vindo de Narzira e vou pra fora me despedir do Seu Michel.

Encontro então o professor universitário Sebastião, que estava conversando com Seu Michel em frente ao busto de Tia Eva e é morador de outra comunidade negra. Escuto: “Mesmo com mais de 100 anos de libertação continuamos presos ao sistema. Nos sentimos escravos ainda, dependentes do poder público. Esta comunidade da Tia Eva é um marco histórico para sempre de Campo Grande, deveria servir de exemplo e ser bem mais reconhecida. O problema é que somos uns 30 mil negros no Estado e não temos união.” Subo novamente para a casa de Seu Michel. Bolinho me entrega alguns textos e sai para seu compromisso. Sentado na varanda da casa de Seu Michel, fico sabendo que ele tem 12 filhos (um falecido), casou três vezes e por muito tempo vendeu doce de leite caseiro. Ele me explica que os quilombos sempre eram instalados em pontos estratégicos para facilitar a fuga dos escravos. E me mostra que a Tia Eva fez o mesmo. Da igrejinha, pode-se ver com facilidade quem está chegando dos quatros cantos da cidade.

Me despeço com vontade de ficar e dou carona para mãe e filha, também descendentes de Tia Eva. Dirijo e penso que o bairro deveria ter a vitalidade cultural de um Pelourinho, que a sociedade campo-grandense desconhece o lugar e como é a situação real dos negros no nosso país. Prometo a mim mesmo que vou tentar ajudar para que a biografia sonhada de Bolinho sobre Tia Eva se concretize. Acelero!

Abaixo, entrevista com Sérgio Antônio da Silva, o Seu Michel, bisneto da Tia Eva:

Por que a Tia Eva decidiu sair de Goiás?

Terminou a escravidão e ela quis sair de lá. Chegou aqui com as filhas Joana, Lazara e Sebastiana. Escrava não tinha marido. Por isso, uma era mais escura e as outras claras. As três casaram e foram multiplicando. Naquele tempo as pessoas abusavam dos escravos. Eram tratados como se fosse uma criação qualquer. Então, a Tia Eva foi uma grande liderança. Era parteira, sabia ler e escrever. Receitava remédio de médico alemão. E as pessoas curavam. Em uma época que Campo Grande não tinha nem padre. Isso aqui não tinha nada. Só era mato. Passagem para boiada. Ela pagou por esta terra 85 mil réis. Na época, era difícil ter este dinheiro. Por isso, a gente admira como conseguiu isso. A minha avó Sebastiana continuou fazendo os mesmos trabalhos de parteira e benzedeira.

A Tia Eva veio conscientemente ou não sabia da existência destas bandas?

Ela sabia para onde estava vindo com certeza. Veio em comitiva, não chegou sozinha. Primeiramente, ela construiu uma igreja de madeira em 1912. E depois desmanchou e fez outra.

Como foi a reação da comunidade naquela época?

Todos a admiravam. Por causa da inteligência dela se tratando de uma pessoa escrava. Porque ela fazia o trabalho do sacerdote. Tudo era ela. Mamãe falava que quando ela faleceu em 1926 a cidade toda parou e pessoas de destaque a reverenciaram. Tia Eva chegou aqui com 45 anos.

A comunidade encara a Tia Eva como uma santa?

A gente nunca diz isso. Mas tem muitas histórias. Teve uma senhora que estava com um problema de espinha e que se curou. Ela comprou uma creche e colocou o nome da Tia Eva. Em 1998, a gente estava entregando um troféu, porque mexemos aqui com esporte também. Chegou uma dona, me pegou pelo braço e falou: "Tem uma pessoa muda em minha família". O menino começou a falar aqui. Tenho um cunhado que é pastor e que chegou a conhecer a Tia Eva. Ele disse que a viu benzer e curar as pessoas. A Tia Eva era milagreira. Minha mãe contava também que ela era muito gorda. Que uma vez não conseguiu escapar e neutralizou um touro só com o pensamento. Conta que cada oração que ela fazia realmente dava certo. Ninguém sabe a causa da morte dela. Foi uma doença desconhecida. Ela sabia que iria morrer. Minha mãe contava que ela dizia isso.

Quando foi o auge da Tia Eva. Na década de 20?

Por aí. Mas a Tia Eva continua interessando. Tivemos um encontro em 1998 que 15 países participaram. Sobre a rota dos escravos. Fui escolhido para fazer parte da mesa do Senado representando todas as comunidades negras do país. Não por mim, mas por causa da Tia Eva. A gente vê que o pessoal lá fora tem interesse em saber da história dela.

Existe alguma imagem da Tia Eva?

Não tem foto dela. O busto, por exemplo, foi baseado em uma tia minha. A gente também tinha uma prima muito parecida. Tudo baseado em depoimentos familiares. A Tia Eva não era magra. Era baixa e gorda. Colocaram um foto no jornal que não era ela. Por isso o valor de termos o busto da Tia Eva desde 2004. Mas talvez a própria comunidade não dê importância para esta questão.

Quais pessoas lideraram a comunidade após a morte de Tia Eva?

A minha avó, dona Sebastiana. Depois ficou minha mãe, a Catarina Rosa. Minha mãe morreu e fiquei eu. Comecei a fazer as festas aqui na época da lamparina. Montei esta associação. Todo ano a gente guardava um pouquinho de dinheiro para construir o salão. Mas para eu agora produzir a festa é muito cansativo. Estou com osteoporose.

Qual o desejo que o senhor possui ainda?

Que nossas famílias fossem mais unidades. O resto realizei. Primeiramente, era fazer o inventário de tudo isso aqui. Consegui. Se não faço isso, podíamos ter perdido tudo. Depois era um sonho ter a festa da família e realizei. Quis fazer esta festa para manter todos unidos. Vários descendentes começaram a vir. Então, se os novos conseguirem 10% disto, está bom.

O que falta para a comunidade se desenvolver mais?

Os negros se unirem.
                                                                                                                         Como vive a comunidade negra da Igrejinha de São Benedito, formada por descendentes da rezadeira e, dizem, milagreira Tia Eva: na foto os bisnetos Seu Michel e Senhora Narzira com o busto de Tia Eva ao fundo

 Chegar lá é relativamente fácil. Difícil é esquecer. A verdade é que este repórter nunca havia ido à Comunidade Negra da Igrejinha de São Benedito, localizada a uns 15 km do centro de Campo Grande. O local, que abriga umas 60 casas, é reduto dos descendentes de Eva Maria de Jesus, mais conhecida como Tia Eva. Benzedeira, rezadeira e, muitos acreditam, milagreira, a ex-escrava veio em uma comitiva em 1905 para estas bandas. Nascida em Mineiros, no interior de Goiás, foi uma das primeiras a chegar no que hoje chamamos de Campo Grande. Tinha 45 anos e três filhas. De cara impressionou: sabia ler e escrever. Para quem foi escrava, não era pouca coisa. A história começa, porém, em 1910, quando decide pagar a promessa a São Benedito por a ter curado de uma ferida na perna. Constrói uma capela em agradecimento ao santo e conclui a igrejinha em 1912, demolida e substituída por uma de alvenaria em 1919. Tia Eva está enterrada dentro desta pequena igreja, a mais antiga da cidade. Calcula-se que existem 2 mil descendentes de Tia Eva espalhados pelas comunidades negras do Estado.

 O contato para realizar a matéria foi Eurides da Silva, mais conhecido como Bolinho. Sua esposa atendeu o meu telefonema no orelhão comunitário, em frente ao Bar da Dona Rute. Rapidinho o achou, liguei em um celular e marcamos para o dia seguinte cedo. Fui recebido por Bolinho e seu pai, Sérgio Antônio da Silva, o Seu Michel. O senhor de 70 anos, cabelos já meio embranquecidos, simpático e de gestos lentos é bisneto de Tia Eva. Na verdade, ele é o responsável por ter se tornado tradicional a festa de São Benedito, sempre em maio, a mais antiga da cidade também. Foi ele que entrou com a petição do Uso Capião para a legalização dos terrenos da comunidade. O IPTU vinha em nome da escrava, que era dona de toda a área. Após seis anos, ganhou na Justiça. Hoje cada descendente que reside na comunidade pode requerer a escritura de seu terreno mediante quitação do IPTU.

 O problema é que a maioria não tem condição de pagar o imposto. O próprio Michel está devendo quatro anos de IPTU, que atinge a soma de R$ 6 mil. Assim como muitos na comunidade. Reclama que em vez de asfalto, as ruas do bairro deveriam ter recebido paralelepípedos. Com isso, o IPTU seria mais acessível e o ambiente menos modificado. A comunidade não foi consultada. Mas o sonho mesmo e a luta de Seu Michel e seu filho Bolinho é que a comunidade vire uma quilombola urbana para ficar isenta de impostos. É o que acontece nas quilombolas rurais, como a Chácara Buriti, que fica a 40km de Campo Grande e abriga 37 famílias, e a Furnas Dionísio, uma área de 900 hectares a 45km da Capital em que vivem 80 famílias. Na verdade, vários descendentes de Tia Eva já correm o risco de serem expulsos da comunidade por falta de pagamento de impostos.

 Segundo Bolinho e Michel, só com a criação da Associação Beneficente dos Descendentes de Tia Eva, em 1996, houve melhorias. Antes, tudo era feito no local onde aconteceu a entrevista: embaixo das árvores do quintal da casa de Seu Michel. Hoje em dia, além da igrejinha, existe um salão social para realizar as reuniões e eventos. Um grupo de música afro, uma escola, um campo de futebol... Conseguiram um orelhão comunitário e uma lombada em frente à igrejinha. Uma linha de ônibus que passa pelo bairro. Visitaram a comunidade a sambista Leci Brandão e o embaixador da África do Sul, Mambulena Hakena. O governo estadual, através da Agência Estadual de Habitação, construiu no local 20 casas e ajudou mais 32 famílias nas reformas. Além de Tia Eva ter recebido o Título de Cidadã Campo-Grandense em junho de 1996.

 Mas muito ainda precisa ser feito na comunidade. Resgatar a história de Tia Eva, descobrir qual dialeto africano ela falava e de que parte da África sua família tem ramificação são coisas que ainda precisam ser reveladas. Para fazer finalmente o busto de Tia Eva, exposto em frente à igrejinha, foi preciso basear-se em descendentes, como uma tia e sobrinha do Seu Michel. Bolinho lembra que tem o projeto de fazer uma biografia de Tia Eva e que não conseguiu ainda apoio para concretizá-lo. O projeto de R$ 30 mil não foi aceito pelo Fundo de Investimentos Culturais de MS (FIC). Bolinho reflete sobre o porquê de alguns políticos negros não terem ajudado a comunidade quando chegaram ao poder: “Subiram ao topo, mas esqueceram a base, mesmo tendo no início da carreira política a bandeira da negritude. Então a comunidade em si precisou lutar para trazer suas benfeitorias. Conseguir parcerias como a que fizemos em 2005 com a Fundação Ford para o projeto Negra Eva, que apóia afro-descendentes para ter acesso ao ensino superior. Além de alguns profissionais liberais que lutam junto com a gente e acreditam na causa. Temos também o apoio da Fundação de Cultura na festa de São Benedito e alguma ajuda esporádica da prefeitura. Mas fica por aí.”

 A boa recepção de Bolinho e Seu Michel continua e sou levado até a igrejinha. Ouço que na reforma muita coisa original da construção se perdeu, como o piso e a parte de alvenaria do teto. Lá dentro, um pôster do Papa João Paulo II me chama a atenção. Encontro então a senhora Narzira Caetano de Barros, irmã de seu Michel. Ela tem 82 anos e poderia ser apontada como a substituta de Tia Eva. Narzira emociona-se: “Tomo conta da igreja e também sou benzedeira. Temos que manter a tradição. Mas com os mais novos tudo muda. Meus filhos estão virando crentes e aqui somos católicos. Fico chateada. A minha filha Neusa pode dar continuidade ao que faço, mas ninguém quer mais benzer, porque dá muito trabalho, além de precisar ter o dom. Devemos tudo a Tia Eva. Uma santa que curou muita gente. E acho que a comunidade está melhor hoje, tem coisa que não tinha e agora tem.” Sinto uma energia grande vindo de Narzira e vou pra fora me despedir do Seu Michel.

 Encontro então o professor universitário Sebastião, que estava conversando com Seu Michel em frente ao busto de Tia Eva e é morador de outra comunidade negra. Escuto: “Mesmo com mais de 100 anos de libertação continuamos presos ao sistema. Nos sentimos escravos ainda, dependentes do poder público. Esta comunidade da Tia Eva é um marco histórico para sempre de Campo Grande, deveria servir de exemplo e ser bem mais reconhecida. O problema é que somos uns 30 mil negros no Estado e não temos união.” Subo novamente para a casa de Seu Michel. Bolinho me entrega alguns textos e sai para seu compromisso. Sentado na varanda da casa de Seu Michel, fico sabendo que ele tem 12 filhos (um falecido), casou três vezes e por muito tempo vendeu doce de leite caseiro. Ele me explica que os quilombos sempre eram instalados em pontos estratégicos para facilitar a fuga dos escravos. E me mostra que a Tia Eva fez o mesmo. Da igrejinha, pode-se ver com facilidade quem está chegando dos quatros cantos da cidade.

 Me despeço com vontade de ficar e dou carona para mãe e filha, também descendentes de Tia Eva. Dirijo e penso que o bairro deveria ter a vitalidade cultural de um Pelourinho, que a sociedade campo-grandense desconhece o lugar e como é a situação real dos negros no nosso país. Prometo a mim mesmo que vou tentar ajudar para que a biografia sonhada de Bolinho sobre Tia Eva se concretize. Acelero!

 Abaixo, entrevista com Sérgio Antônio da Silva, o Seu Michel, bisneto da Tia Eva:

 Por que a Tia Eva decidiu sair de Goiás?

 Terminou a escravidão e ela quis sair de lá. Chegou aqui com as filhas Joana, Lazara e Sebastiana. Escrava não tinha marido. Por isso, uma era mais escura e as outras claras. As três casaram e foram multiplicando. Naquele tempo as pessoas abusavam dos escravos. Eram tratados como se fosse uma criação qualquer. Então, a Tia Eva foi uma grande liderança. Era parteira, sabia ler e escrever. Receitava remédio de médico alemão. E as pessoas curavam. Em uma época que Campo Grande não tinha nem padre. Isso aqui não tinha nada. Só era mato. Passagem para boiada. Ela pagou por esta terra 85 mil réis. Na época, era difícil ter este dinheiro. Por isso, a gente admira como conseguiu isso. A minha avó Sebastiana continuou fazendo os mesmos trabalhos de parteira e benzedeira.

 A Tia Eva veio conscientemente ou não sabia da existência destas bandas?

 Ela sabia para onde estava vindo com certeza. Veio em comitiva, não chegou sozinha. Primeiramente, ela construiu uma igreja de madeira em 1912. E depois desmanchou e fez outra.

 Como foi a reação da comunidade naquela época?

 Todos a admiravam. Por causa da inteligência dela se tratando de uma pessoa escrava. Porque ela fazia o trabalho do sacerdote. Tudo era ela. Mamãe falava que quando ela faleceu em 1926 a cidade toda parou e pessoas de destaque a reverenciaram. Tia Eva chegou aqui com 45 anos.

 A comunidade encara a Tia Eva como uma santa?

 A gente nunca diz isso. Mas tem muitas histórias. Teve uma senhora que estava com um problema de espinha e que se curou. Ela comprou uma creche e colocou o nome da Tia Eva. Em 1998, a gente estava entregando um troféu, porque mexemos aqui com esporte também. Chegou uma dona, me pegou pelo braço e falou: "Tem uma pessoa muda em minha família". O menino começou a falar aqui. Tenho um cunhado que é pastor e que chegou a conhecer a Tia Eva. Ele disse que a viu benzer e curar as pessoas. A Tia Eva era milagreira. Minha mãe contava também que ela era muito gorda. Que uma vez não conseguiu escapar e neutralizou um touro só com o pensamento. Conta que cada oração que ela fazia realmente dava certo. Ninguém sabe a causa da morte dela. Foi uma doença desconhecida. Ela sabia que iria morrer. Minha mãe contava que ela dizia isso.

 Quando foi o auge da Tia Eva. Na década de 20?

 Por aí. Mas a Tia Eva continua interessando. Tivemos um encontro em 1998 que 15 países participaram. Sobre a rota dos escravos. Fui escolhido para fazer parte da mesa do Senado representando todas as comunidades negras do país. Não por mim, mas por causa da Tia Eva. A gente vê que o pessoal lá fora tem interesse em saber da história dela.

 Existe alguma imagem da Tia Eva?

 Não tem foto dela. O busto, por exemplo, foi baseado em uma tia minha. A gente também tinha uma prima muito parecida. Tudo baseado em depoimentos familiares. A Tia Eva não era magra. Era baixa e gorda. Colocaram um foto no jornal que não era ela. Por isso o valor de termos o busto da Tia Eva desde 2004. Mas talvez a própria comunidade não dê importância para esta questão.

 Quais pessoas lideraram a comunidade após a morte de Tia Eva?

 A minha avó, dona Sebastiana. Depois ficou minha mãe, a Catarina Rosa. Minha mãe morreu e fiquei eu. Comecei a fazer as festas aqui na época da lamparina. Montei esta associação. Todo ano a gente guardava um pouquinho de dinheiro para construir o salão. Mas para eu agora produzir a festa é muito cansativo. Estou com osteoporose.

 Qual o desejo que o senhor possui ainda?

 Que nossas famílias fossem mais unidades. O resto realizei. Primeiramente, era fazer o inventário de tudo isso aqui. Consegui. Se não faço isso, podíamos ter perdido tudo. Depois era um sonho ter a festa da família e realizei. Quis fazer esta festa para manter todos unidos. Vários descendentes começaram a vir. Então, se os novos conseguirem 10% disto, está bom.

 O que falta para a comunidade se desenvolver mais?

Os negros se unirem.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Caros colegas! esta turma  passou para  a segunda fase das Olímpiadas de Física EJA notuno.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Convite

Olá pessoal convidamos todos vocês para nossa festa junina que acontecerá no dia 10 de junho às 16 as 20 horas na Escola Esatdaul Antonio Delfino Pereira. Contamos com ocêssssssssssssss

Atividade I

ESCOLA ESTADUAL ANTONIO DELFINO PEREIRA


CURSO: PROJETO UCA
ALUNA: Hermínia Cabral

* Este tema é usado para descrever resolução de problemas como labirintos,quebra-cabeças etc.
* Na sala de aula o professor(a) sempre realiza escolhas para fazer atividades e resolução de problemas, na tentativa de acertar,quando não consegue ele(a) refaz o seu planejamento,tentando encontrar a solução desejada .
* Aplicabilidade –Pode ser aplicada à solução de labirintos reais,na resolução de problemas por exemplo para resolver um enigma.
* Neste módulo foram aplicadas para que o professor(a) reflita sobre as várias tecnologias existentes no mundo de hoje e que o mesmo tem que se adequar ao novo processo na aprendizagem de seus aluno.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

COMENTÁRIO

Apesar da ação do pedagogo junto aos professores ter se revelado insuficiente, ainda acredito no profissional que acompanha, avalia e dá suporte na qualidade de ensino.

Hipertexto

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PEDAGOGIA - Edgar Morin pai da teoria da complexidade, ele defende a interligação de todos os conhecimentos, combate o reducionismo e valoriza o complexo.

formação do projeto UCA

Experiência

Sou Especialista da Educação, trabalho na Escola Estadual Antonio Delfino Pereira, sou coordenadora do mais Educação e professora na EE Arthur Vasconcelos. Estou fazendo o Projeto UCA. Por isso criei mais esse blog, pois já tenho um. Passei a utilizar essa ferramenta agora no curso, sabia de sua existência mais ainda não tinha utilizado. Tenho grandes espectativa, por isso, quero aprender a utilizar o blog como mais uma ferramenta para auxiliar em minhas aulas juntamente com meus alunos e meus professores.